quinta-feira, 10 de abril de 2014


                                                                             

O QUE VOCÊ NÃO DEVE FAZER EM UMA DISSERTAÇÃO
Profª Cristiane Bastos
 

 

1. JAMAIS USE GÍRIAS EM SUA DISSERTAÇÃO

                As gírias são um meio de expressão perfeitamente aceitável em certos momentos de textos narrativos, em especial nos diálogos travados por alguns personagens. Tornam-se, entretanto, completamente inadequadas quando usadas em uma dissertação. Esta modalidade de redação pressupõe uma linguagem formal, não necessariamente erudita, mas pelo menos bem elaborada.

 

2. NÃO UTILIZE PROVÉRBIOS OU DITOS POPULARES

                Uma dissertação costuma ser prejudicada pela má utilização de frases feitas, provérbios e ditos populares. Eles empobrecem a redação; fazem parecer que seu autor não tem criatividade, pois lança mão de formas de expressão já batidas pelo uso freqüente.

 

3. NUNCA SE INCLUA EM SUA DISSERTAÇÃO (principalmente para contar fatos de sua vida particular)

                Dissertar é analisar um assunto proposto, emitindo opiniões gerais. Deve ser feito de modo impessoal e com toda objetividade. Essa visão imparcial se perde quando o autor confunde a problemática que está analisando com os problemas particulares que possa ter.

 

4. NÃO UTILIZE SUA DISSERTAÇÃO PARA PROPAGAR DOUTRINAS RELIGIOSAS

                A religião, qualquer que seja ela, é uma questão de fé; a dissertação, por sua vez, é uma questão de argumentação, a qual se baseia na lógica. São, portanto, duas áreas situadas em diferentes planos. Não há como argumentar de modo convincente com base em dogmas religiosos; os preceitos da fé independem de provas ou evidências constatáveis. Torna-se, assim, completamente descabido fundamentar qualquer tema dissertativo em ideias que se situem em um plano que transcende a razão.

 

5. JAMAIS ANALISE OS TEMAS PROPOSTOS MOVIDOS POR EMOÇÕES EXAGERADAS

                Existem, sem dúvida, alguns temas dissertativos que envolvem a análise de assuntos dramáticos, os quais comumente causam revolta e indignação pela própria gravidade de sua natureza. Porém, por mais revoltante que se mostre o assunto tratado, ele deve ser abordado, em uma dissertação, de modo, se não imparcial, pelo menos comedido. Em outras palavras, não devemos deixar nossas emoções interferirem demasiadamente na análise equilibrada e objetiva que precisa transparecer em nossas dissertações, mesmo que elas impedem que ponderemos outros ângulos da questão. Só assim, com a predominância da argumentação lógica, ela se mostrará convincente.

 

6. NÃO UTILIZE EXEMPLOS CONTANDO FATOS OCORRIDOS COM TERCEIROS, QUE NÃO SEJAM DE DOMÍNIO PÚBLICO

                É um procedimento perfeitamente normal lançarmos mão de exemplos que reforcem os fatos arrolados em uma dissertação.  Entretanto, estes exemplos devem ser de conhecimento público, ou seja, fatos que todos conheçam por terem sido divulgados pelos meios de comunicação (jornais, rádio, televisão, etc.) Não devemos, em hipótese alguma, introduzir na dissertação fatos ocorridos com pessoas que conhecemos particularmente. Isso daria um cunho pessoal a um tipo de redação que se propõe a analisar assuntos gerais.

 

7. EVITE AS ABREVIAÇÕES

                Procure escrever as palavras por extenso. As abreviações são consideradas incorretas. Você não deve escrever frases como estas:

                O ministro c/ seus assessores saíram da sala de reunião.

                Verificaremos outros pontos da questão p/ compreendermos melhor o assunto.

                Os cidadãos tb se preocupam c/ a redemocratização.

               

8. NUNCA REPITA VÁRIAS VEZES A MESMA PALAVRA

                Um dos erros que mais prejudica a expressão adequada de suas ideias é a insistente repetição de uma mesma palavra. Isso causa uma impressão desagradável a quem lê sua redação, além de sugerir pobreza de vocabulário. Quando você constatar que repetiu várias vezes o mesmo vocábulo, procure imediatamente encontrar sinônimos que possam ser usados em substituição a ele.

 

9. PROCURE NÃO INOVAR, POR SUA CONTA, O ALFABETO DA LÍNGUA PORTUGUESA

                Evidentemente, certas caligrafias apresentam variações no modo de escrever determinadas letras do nosso alfabeto. No entanto, essa possível variação não deve ser exagerada a ponto de tornar a letra praticamente irreconhecível.

 

10. TENTE NÃO ANALISAR OS ASSUNTOS PROPOSTOS SOB APENAS UM DOS ÂNGULOS DA QUESTÃO

                Uma boa análise pressupõe um exame equilibrado da realidade na qual se situa o assunto tratado em uma dissertação. O bom senso, nas opiniões emitidas, está diretamente relacionado à capacidade de se enxergar o problema pelos diversos ângulos que apresenta. Uma análise extremamente radical ignora outros aspectos que devem ser levados em conta em uma reflexão equilibrada sobre qualquer tema, por isso é indesejável.

 

11. NÃO FUJA AO TEMA PROPOSTO

                Quando você receber um tema para dissertar sobre ele, leia-o com atenção e escreva sobre o que se pede. Jamais fuja do assunto solicitado, mesmo que seus conhecimentos sobre ele sejam mínimos. Costumamos atribuir nota zero (ou um pouco mais) a uma redação sobre outro assunto que não aquele pedido. Não é difícil entendermos o quanto seria absurdo alguém dissertar sobre os acidentes ocorridos em usinas nucleares em várias partes do mundo quando o tema pedido fosse o problema dos menores abandonados no Brasil. Para evitar esse tipo de inconveniência, antes de começar a elaborar a redação, convém ler várias vezes o tema para compreender exatamente o que está sendo solicitado. Às vezes comete-se um outro engano semelhante ao que foi comentado acima: pode acontecer de se desenvolver um tema similar àquele que foi proposto. Isso também prejudica demais a redação, pois mostra que a pessoa não apresenta capacidade de ler e interpretar corretamente a solicitação feita. Suponhamos que o tema fosse o seguinte:

                O governo brasileiro vem empreendendo esforços para, juntamente com o governo da República Argentina, criar acordos de cooperação econômica, lançando as bases para a possível formação de um mercado comum sul-americano.

                Caso não compreendesse bem o conteúdo dessas afirmações, a pessoa poderia incorrer no erro de dissertar sobre algum assunto paralelo. Por exemplo, escreveria sobre como essas duas nações conseguiram retomar os rumos da democratização, depois de longos períodos de ditadura militar. Embora esta análise esteja relacionada com o tema dado, não aborda propriamente o assunto central proposto, ou seja, os acordos de cooperação econômica.

 

 

                Até agora, mostramos o que você não deve fazer em sua dissertação. Terminaremos este assunto com uma recomendação importantíssima sobre o que deve ser feito:

                * Utilize sempre a 1ª pessoa do plural em vez da 1ª pessoa do singular em suas dissertações. Em outras palavras, você deve escrever “acreditamos”, “entendemos”, “analisamos”, e não “acredito”, “entendo”, “analiso”. Saiba que, embora possa parecer um tanto estranho, este é o procedimento habitual quando se redige uma dissertação. Parece-nos indiscutível o fato de a 1ª pessoa do plural imprimir à redação um cunho impessoal, além de elevar o nível da linguagem. Ademais, é a forma convencionalmente usada nas dissertações em geral.

                * Procure sempre se manter informado sobre os mais diversos assuntos. Quanto melhor você conseguir compreender as questões econômicas, políticas e sociais de seu país e do exterior, maiores condições terá de redigir sobre qualquer tema. Não perca oportunidades de conversar com pessoas que conheçam determinado assunto, na tentativa de aprender algo com elas. Ler jornais e revistas, assistir a programas de telejornalismo, ouvir entrevistas pelas emissoras de rádio também parece-nos muito importante.

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